Captura Críptica – Diagnósptico: Catalepsia*
Tal qual “o touro mão de pau” que, perseguido por homens em seus cavalos, pulou de um rochedo pardo para ser morto, mas não desonrado, a Captura Críptica ia, de boa-fé, sendo pretensamente velada num lento e desgostoso Requiem.
No entanto, as quinhentas e sessenta e uma palavras entoadas entre o verso inaugural – Requiem æternam dona eis, Domine – do Introitus e o último verso do In Paradisum – æternam habeas requiem – , para além do tempo que é necessariamente dado ao silêncio para a formação da melodia, que dá corpo à música que rege a cerimônia para o descanso da alma do defunto, carregam em seu bojo uma benesse não pensada, um outro tempo: o tempo. Fossem antes cantadas rápidas Excelências, Benditas ou pueris Barquinhas de Ouro e então talvez já estivesse sepultada a Captura para a eternidade, sem nem mesmo ter a chance de ser salva pela Críptica do gongo.
Neste nosso caso, portanto, a longa Missa Defunctorun fez bem ao “Dispositivo–Profanação”, que foi percebida, talvez durante os últimos versos, por alguns poucos sujeitos que custavam a acreditar no serviço de Orcus, em movimentos vivificantes. O que antes era usado como metáfora para justificar a morte da Captura, tornou-se, num bom susto, só ruim para os alvos de sua Críptica, que escondiam sorrisos atrás de suas máscaras de tristeza, o ato da realidade da re-existência manifesta da arma a ser novamente usada pelos poucos infantes.
Captura Críptica: que talvez não irrompa ao céu como a Fênix, mas se levante aos poucos, modesta, com ajuda das mães e pais solteiras(os), nesta re-poligamia recíproca, com divórcios e relações extraconjugais, e mais novos filhos adotados reafirmando um manifesto.
Um Diagnósptico, todavia, a marcará para sempre: Catalepsia. Não a Projetiva, benéfica e natural, mas sim a Patoplógica, rara e que engana a morte para a morte. Seguindo estudos patognomônicos, combatamos uma vez outra as suas causas: doenças nervosas jurídicas, debilidade mental política, histeria das atualidades, intoxicações normativas e alcoolismos mitológicos.
De um Requien em latim
para um Requien for a dream
se levanta a Captura
antes do Críptico fim.
Os editores.
(*Texto de retomada dos trabalhos da Captura Críptica, que se encontrava sendo velada sob a metáfora da morte e agora se levanta sob a metáfora da catalepsia.)